terça-feira, 30 de março de 2010

Fique de olho: Sérvia.

Uma das candidatas a surpresa da copa, a Sérvia finalizou a fase de qualificação em primeira num grupo que contava com a França. Seus principais jogadores são: o zagueirão do Manchester United, Nemanja Vidic (27), um dos melhores do mundo em sua posição, e o experiente volante Dejan Stankovic (31), peça chave da Internazionale de Milão.
Além de alguns bons jogadores como os atacantes Jovanovic (29), recém contratado pelo Liverpool e vivendo uma ótima fase na carreira, e o gigante de 2,02m Zigic, que joga pelo Valencia (ESP), e costuma marcar muitos gols de cabeça. E ainda conta com uma jovem promessa de 22 anos, o meia Kusmanovic, que atua pelo Stuttgart da Alemanha e pode ser uma das grandes revelações da copa. Se a sorte ajudar, poderemos ver a Sérvia numa semifinal.

Pontos positivos e negativos para o Brasil na Copa.

No post anterior, tratei de relembrar a eliminação da Seleção comandada por Parreira na Alemanha. Neste estamparei 3 pontos positivos e negativos da Seleção atual, sob o comando de Dunga.
Os pontos positivos para o Brasil nesta copa são:

1. A eliminação na copa passada. O Brasil, e qualquer outra seleção, sempre se dão melhor quando a imprensa não faz muito "oba oba".

2. Os pricipais jogadores estão na idade certa (entre os 26 e os 32 anos). Júlio César (30), Maicon (28), Lúcio (31), Juan(31), Daniel Alves (26), Káká (27), Robinho (26), Adriano (28), Luis Fabiano (29) e, quem sabe, Ronaldinho (30) e Thiago Motta (27). Além disso, a maior parte destes atletas participaram da copa da Alemanha, ganhando experiência com isso.

3. Não há nenhuma seleção que possamos dizer com toda convicção que estará entre as 4 melhores. As campeãs e sempre favoritas Argentina, Itália e Alemanha não apresentam sua melhor safra de jogadores. A França, apesar de contar com bons jogadores, não vem demostrando um bom futebol. A Inglaterra e a Espanha vivem uma grande fase, mas a imprensa de ambas, principalmente da Espanha, tende a insuflar demais seus jogadores.

Os pontos que podem atrapalhar a caminhada brasileira são:

1. Dunga não conseguiu acertar o meio de campo brasileiro. Felipe Mello entrou bem no último ano das eliminatórias e deu certa fisionomia à equipe, melhorando o passe e a velocidade na saída de bola, contudo, este ano Felipe Mello não vem repetindo as boas atuações da passada temporada, chegando a amargar, inclusive, a reserva na equipe da Juventus. Gilberto Silva, em minha modesta opinião, é zagueiro. E sendo assim, preferiria jogar com Tiago Silva, pois este é mais veloz e com passes mais precisos. O terceiro volante ainda não foi definido, mas Ramires, também em minha modesta opinião, não deveria ser convocado para esta copa (talvez em 2014). Kaká tem como característica correr com a bola, arrancar com velociadade do meio para o ataque, não faz o papel do meia-armador que com um passe deixa os companheiros de cara com o gol. Resumindo, este meio de campo não tem condicões de tocar a bola, como atualmente faz a seleção da Espanha.

2. Ronaldinho, que poderia ser uma peça fundamental para a canarinha, parece que não jogará a copa. Algo que não sabemos faz com que esteja fora das convocatórias. Certamente não será por qualidade e, muito menos, por momento. Luis Fabiano e Kaká vêm sofrendo inúmeras lesões nesta temporada, e Adriano vem passando por turbulências com a imprensa e em sua vida privada.

3. Já faz algum tempo que não aparece no Brasil um novo Falcão, um volante que tenha porte físico, saiba defender, mas, ao mesmo tempo, jogue com a cabeça erguida, tenha bons passes e critério. Saiba quando jogar curto, quando lançar, quando correr. E esta é, para mim, a função principal em um campo de futebol. O time que tem um crack como volante tem meio caminho andado. Nos falta um Redondo, um Viera ou um Matthaus. Quando nada já nos serviria um Ballack. Daí eu insistir em que Dunga deveria chamar Thiago Motta (Internazionale) e Lucas (Liverpool), pois não são cracks, mas já sabem o jogo mais do que Gilberto Silva.

Em suma, da maneira que estamos jogando não vejo nada de favoritismo para o Brasil, contudo também não vejo nenhuma outra seleção com peito para carregar as credencias de favorita. E ainda cabe um acerto de Dunga nos dias prévios à copa, pois jogadores nós temos, como sempre.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Me sabe melhor perder como perdeu Telê.

Para começar este blog, nada melhor do que relembrar. Relembrar serve para aprender. Então postarei aqui uma resenha que fiz do jogo que eliminou o Brasil em 2006. Muito se criticou Ronaldinho Gaúcho naquela copa. Para mim, uma extrema injustiça (o que comentarei em uma outra resenha). E pouco se falou da pífia atuação de Carlos Alberto Parreira.
Pois bem, naquele 1 de julho de 2006 vociferei as seguintes palavras:


ME SABE MELHOR PERDER COMO PERDEU TELÊ


Estou convencido de que em uma copa, nem sempre se ganha a melhor seleção. Também tenho entre minhas crenças que jogar atacando ou contra-atacando não faz com que uma seleção tenha mais ou menos chances de ser campeã. Acredito que o treinador deve escolher o esquema adequado para sua equipe, conseguindo sempre o melhor de seus jogadores, seja qual for o esquema que adote. Agora, quando se possui um elenco farto de bons jogadores em todas as posições, sou taxativo: melhor jogar sempre em busca do gol, os 90 minutos. Sempre se pode perder um jogo, mesmo quando se conta com os melhores jogadores e se está sempre buscando o ataque, mas o contrário também é verdade, sempre se pode perder quando se joga com cautela. E se o risco de perder existe em ambas as formas, prefiro corrê-lo jogando no ataque. Jogar no ataque não significa jogar com muitos atacantes. Inclusive pode-se jogar no ataque em um equema de 3 zagueiros. E pode-se fazer um jogo cauteloso, mesmo com 2 centroavantes e 2 meias. O futebol necessita equilíbrio.

Pois bem, no caso do Brasil, somos indiscutivelmente privilegiados. Podemos sempre optar por jogar no ataque. E o fato de termos jogado no ataque e perdido as copas de 82 e 86, não significa que devemos abandonar esta característica. Está provado que também conseguimos perder quando jogamos burocraticamente. Diz-se que quem ganha ou perde jogo são sempre os jogadores, nunca o treinador. Isto só é verdade em parte. O treinador tem sim sua parcela nas vitórias e nas derrotas. E desta vez, acredito que cabe a Parreira um parcela maior de culpa. Primeiro por não querer atacar, depois por selecionar mal os jogadores e terceiro, por ser lento no decorrer da partida. Vamos aos fatos.

Roberto Carlos conseguiu uma fama que nunca fez jus a seu futebol. Um lateral não pode ser considerado bom por marcar gols de falta. Não é a principal função de um lateral marcar gols. Não vi jogar melhores laterais do que Jorginho, Maldini ou Zanetti, e não me recordo de tê-los visto marcar muitos gols. Ao jogar Gilberto Silva, Zé Roberto e Kaká juntos no meio de campo, Parreira abdica de uma criação melhor na saída de jogo, que para mim é a função principal no campo. É certo que não contamos com nenhum Falcão atualmente no elenco, nem sequer um Redondo, mas me parece que Zé Roberto, junto a Gilberto Silva não é a melhor escolha. Zé Roberto é um fenomenal jogador, quiçás um dos melhores laterais esquerdos que o Brasil já teve, mas, notem, é um lateral. Tem caracteríscas de um lateral (marcar um contra um, correr com a bola e cruzar bem, o que o faz infinitamente melhor do que Roberto Carlos). O ideal seria que contássemos com 3 Falcões e 1 Zico, mas quando isso não se faz possível, melhor tentar equilibrar com o que se tem. Zé Roberto, jogando de volante, seria uma boa pedida se o frente de zaga (Gilberto Silva) fosse um jogador do estilo de Redondo. Como não é assim e, para piorar, nem Kaká nem Adriano, nem Ronaldo são grandes armadores, essa função ficou sobrecarregada em Ronaldinho.

Já falamos da defesa e do meio campo, agora cabe arrematarmos esta crítica com uma opinião sobre o nosso ataque. Sempre preferi jogar com um atacante leve, de bom passe e bom drible, acompanhado de outro, extremamente oportunista, com um disparo certeiro e uma capacidade de se desmarcar nos momentos chaves. Melhor ainda se tem um bom cabeceio e sabe jogar de pivô, em suma, o centroavante nato. Nesta copa da Alemanha, Parreira optou por jogar com 2 centroavantes, Ronaldo e Adriano. Para que um esquema com 2 centroavantes funcione, em minha opinião, ou se joga a base do chutão (como a Itália) ou se faz necessário que os dois volantes tenham uma boa saída de bola. Como não acredito que chegarei a ver o Brasil jogar à base do chutão, e tendo em vista a minha análise dos nossos dois volantes, acredito que Parreira vinha se equivocando ao escalar Gilberto Silva (que só dá passes curtos e laterais) e Zé Roberto, junto a Ronaldo e Adriano. Isto sobrecarrega muito os dois meias e faz com que sempre dependamos de excelentes atuações de ambos.

Estes foram os erros de escolha de Parreira, agora lhes contarei na lentidão no transcorrer da partida. Contra a França, Parreira optou por jogar com Juninho no lugar de Adriano, mantendo 5 jogadores no meio. Sua aposta foi ganhar na armação sem perder no defensivo. É questão de escolha. Eu não faria, mas foi uma escolha aceitável. O problema foi que Cafú não estava em seus melhores dias e Káká fez o pior jogo de sua vida. Nossos dois volantes faziam o que sabiam, enquanto Juninho e Ronaldinho jogavam bem, mas nem tanto. Já do outro lado pudemos ver um Zinédine Zidane impecável, um grande Patrick Vieira, além de bons marcadores como Thuram e Makélele.

Bem, por sorte terminamos a primeira parte sem tomar nenhum gol. E como sempre, Parreira não fez mudanças. Seguiu com Kaká (que não acertou um passe, não dominou uma bola de costas e não abriu espaços para os companheiros) e com Cafú. Iniciamos a segunda parte como terminamos a primeira e, como era de se esperar, tomamos o gol. E, como sempre, Parreira nada fez. Não admito que um treinador que conte com excelentes jogadores no banco, como Ricardinho e Robinho, espere mais 10 minutos para fazer uma mudança quando o time vinha jogando mal desde o princípio. E para piorar, quando Parreira decide mudar, tira Juninho e deixa Káká. Com a entrada de Adriano, Ronaldinho apareceu um pouco mais, mas Káká continuou errando. E Parreira, com uma lentidão que beira a má fé, só fez as duas mudanças que deveria ter feito já no intervalo, quando faltavam menos de 15 minutos para o final da partida.

Perdemos para uma grande França. Desacreditada, mas repleta de bons jogadores. E que conta com o que foi, para mim, o melhor jogador dos últimos 10 anos. Mas perdemos, também, por culpa da cautela e medo de um treinador. E me sabe melhor perder como perdeu Telê em 82. Não me caem bem os covardes e os de raciocínio lento.

É tudo.

Valencia, 1 de julho de 2006