segunda-feira, 18 de julho de 2011

Apenas um exemplo

Estava na boca de todos nos anos 80: "a melhor defesa é o ataque". Quase todas as pessoas ligadas ao futebol acreditavam nisso. Hoje vemos uma reviravolta neste pensamento. A maioria defende justo o contrário: o melhor ataque é a defesa. Atualmente 99% dos treinadores jogam para não perder.

No jogo de ontem podemos dar uma prova disso.

Imaginem que naquele jogo o Brasil tivesse sofrido um gol no final do primeiro tempo, retornando para o segundo com o placar em 0x1. Bem, imaginem que a segunda parte fosse exatamente igual, o Brasil apertando mas sem conseguir marcar. Imaginem isso. Agora imaginem se Mano Menezes faria as alterações que fez. Imaginem se ele tiraria Neymar para dar entrada a Fred e tiraria Ganso para dar entrada a Lucas.

Seguramente não. E é lógico, vocês me dirão. Pois ele precisaria fazer um gol para não ser eliminado, para não perder. Sim, é lógico.

Então vejamos a situação por outro ponto de vista, se o Brasil jogasse para vencer ele teria que marcar pelo menos 1 gol quando a partida estava em 0x0. O placar de 0x0 obrigaria o Brasil a pressionar intensamente o Paraguai, a arriscar-se. Vejam onde quero chegar. Em nenhum momento o Brasil priorizou a vitória, enlouqueceu por não conseguir marcar, arriscou um pouco mais. E é aí que podemos notar com toda clareza que o Brasil não jogou para vencer, jogou, antes de tudo, para não levar o gol. E não levou.

domingo, 17 de julho de 2011

O medo da morte

O Brasil não consegue fazer gol nem na cobrança de penaltis. Seguramente não somos tão ruins assim. Perdemos não por jogarmos pior do que o Paraguai, perdemos por falta de sorte.

Sorte e coragem.

Nem preciso repetir o que venho dizendo desde o início desta Copa América, o futebol se tornou um jogo de medrosos.

Mano fez exatamente o mesmo que Batista na Argentina, trocou seis por meia dúzia e não arriscou dar o contra ataque. Imagino que Mano está muito satisfeito com a aplicação dos seus jogadores e está se queixando com o "divino" por não ter colaborado.

O que podemos tirar de bom desta partida é a atuação de Robinho na armação. Robinho fez, individualmente, uma bela partida. Ele e Ganso formam uma boa dupla. Não podemos dizer o mesmo de Lucas/Ramires e de Neymar/Pato.

Mas o que mais me preocupa é, sinceramente, este sentimento entranhado na nossa sociedade, o medo. Temos medo de perder o emprego, medo de assalto, medo de adoecer, medo de ficar só. Temos medo de tudo e esse medo está refletido no futebol. Temos medo de perder.

Já não somos uma sociedade jovem e irresponsável. Somos velhos. Não cultivamos a beleza, mas sim a segurança. E a vida vai, assim, perdendo a graça. E a morte nos mete medo.

Hoje é dia de Brasil

Os jogadores brasileiros voltaram a estar na moda. Neymar está sendo comparado a Messi, Ganso escuta propostas do Manchester United, Pato é o craque do melhor time italiano, Robinho volta a estar cotado, Lucas e Ramires são titulares de potencias inglesas... Fora André Santos, todos jogam ou jogarão em times de ponta.

Quanto exagero.

Neymar nem de longe pode ser comparado a Messi, Pato provavelmente nunca será um craque e Ramires... hoje não falarei mal do coitado, pois a culpa não é dele.

O mais sincero é dizer que não temos um grande camisa 9, mas Pato é um dos melhores que temos. É tão bom quanto Suárez do Uruguai, Sánchez do Chile ou Tévez da Argentina, mas longe dos grandes centroavantes da história do futebol como Ronaldo, Romário ou Van Basten.

O mais sincero é dizer que Neymar, hoje, joga tão bem quanto Ronaldo ou Messi aos 18 anos. Tem um futuro promissor, mas não é, hoje, melhor do que o holandês Van Persie ou o alemão Thomas Muller.

Quanto a Ganso, o mais sincero é dizer que hoje ele é um dos melhores meias do mundo.Ganso é uma realidade e o Brasil depende de seu jogo para se tornar uma seleção acima da média.

Realmente o Brasil é uma das 3 melhores seleções do mundo, mas isso não significa que ganhará do Paraguai. Ainda mais pelo jogo cauteloso que nossos treinadores adotam. Jogamos para, antes de mais, não levarmos gols. Esta é a mentalidade dominante e apoiada pelos meios de comunicação e pela maioria da torcida. Não entramos em campo para marcar gols, entramos para não sofrer.

E jogando assim, possibilitamos que equipes "modestas" consigam nivelar o jogo pelo vigor físico.

Dizem por aí

Adeus, adeus, não foi desta fez que a Argentina voltou a vencer. E não podemos dizer que foi uma zebra, pois longe disso, as duas seleções eram, praticamente, similares. O Uruguai tem uma defesa mais sólida, no meio ambas são limitadas e no ataque uma ligeira vantagem argentina pela presença de Messi, indubitavelmente o melhor do mundo. Talvez por isso, após a derrota, os 35 mil argentinos aplaudiram a albiceleste. Não foi um maracanaço.

Isso tudo está bem mas não é de todo certo. Assim como 99% dos treinadores, faltou coragem ao limitado Batista. Santo Deus, como são todos tão iguais...

Com um homem mais e precisando da vitória Batista não arriscou em suas alterações. Trocou seis por meia dúzia e esperou que o "divino" o socorresse. Com um a mais, melhor seria trocar o truculento Mascherano por um jogador mais incisivo, mas Batista preferiu manter o esquema e acabou sendo castigado. Talvez pelo próprio "divino". Dizem por aí que Deus castiga a covardia.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Iniesta, Sneijder e Robinho

Fui, seguramente, o melhor e mais habilidoso atacante do Bairro. Sempre pedia para ser Bebeto quando das peladas no Campo Novo. Tão eficiente e ágil quanto o pacato baiano. Tinha para meus 13 anos de idade e pouco mais de 1,50m e imaginava pela frente uma brilhante carreira como goleador. Aos 18 já contava com 1,90m e 80Kg e me transformei em um veloz meia, tal como Kaká, o de largos passos. Agora, com meus 93Kg, já não me atrevo a muitos dribles ou a correr como um louco em direção ao gol. Me adaptei. Sou o melhor zagueiro dos campos amadores desta movimentada cidadezinha.


Assim é a vida, não somos os mesmos para sempre, estamos em constante mudança, tanto física quanto psicológica. E posso garantir que, proporcionalmente, sou infinitamente melhor hoje do que fui em meus tempos de futebol amador no Fluminense de Feira. Cada qual deve saber o que lhe cabe fazer na vida. Deve buscar encaixar. Deve se conhecer antes de tudo, saber suas possibilidades e suas deficiências, e saber usar o que tem de melhor.


Robinho está marcado pelo que foi; um ágil ponta esquerda, com dribles fáceis e péssima finalização. Mas Robinho, assim como eu, mudou bastante desde tempos de menino. Tanto fisicamente quanto psicológicamente, e precisa assumir uma nova função no jogo. Precisa jogar mais recuado. Robinho é um meia, um excelente meia.


E digo mais, hoje, como meia, Robinho é melhor do que quando das pedaladas e firulas de menino. É tão bom e quanto Iniesta e Sneijder.


Ambos são jogadores com boa visão de jogo, movimentação, controle de bola. São jogadores que fazem o jogo acelerar sem precisar correr com a bola. É o complemento perfeito para um maestro, como Ganso ou Xavi. Robinho é, dos três, o melhor marcador. Sneijder é o mais completo. Ambos são muito parecidos. Tão parecidos que nasceram no mesmo ano (84) e tem o mesmo tamanho (1,70m).


Robinho precisa se descobrir. Assumir a mudança. Adotar a nova posição. Assim poderá ser um jogador fundamental para a Copa de 2014.

domingo, 10 de julho de 2011

A covardia de Mano.

Mais um empate e mais um jogo ruim. A quem vamos culpar desta vez?
Inútil achar que não temos bons jogadores, pois temos um excelente elenco. Um jogo não faz de ninguém um craque, tampouco um pereba. Contra o Paraguai, Neymar foi horroroso. Tenebroso. Foi a pior partida que fez pela seleção. Tá certo que foi sempre bem marcado, mas nas poucas ocasiões em que esteve um contra um, perdeu a bola. Mas um jogador só não pode ser o culpado. Para isso existem os reservas.
Então são todos culpados e, ao mesmo tempo, ninguém teve culpa?
Errado.
A culpa. A grande culpa tem Mano e sua covardia.
Mano insiste em jogar com Ramires. O Brasil não deveria montar um esquema para jogar no contra ataque, como fez Dunga. E Ramires só tem utilidade neste esquema. Ou formando dupla com um Schweinsteiger. Ele e Lucas juntos deixam o centro de campo brasileiro pouco criativo. E grandes times, normalmente, começam com excelentes médios centros. Basta lembrar que a posição ocupada por Ramires hoje foi ocupada por Didi em 58 e 62, por Gérson em 70 e por Falcão em 82.
Essa é a covardia na escalação da equipe, mas Mano não para por aí. Durante a partida também se mostra um covarde. Contra o Paraguai, após encontrar um gol por acaso, volta para o segundo tempo com Elano como terceiro volante, buscando ainda mais jogar no contra ataque. Não funciona e o Brasil sofre o empate. O óbvio seria sacar Ramires e entrar com Robinho, Lucas ou Fred, mas ele pensa em tirar Ganso para a entrada de Lucas, que corre mais e seria outro jogador para o contra ataque. Infelizmente (para ele) o Brasil sofre o segundo gol. E aí sim ele faz o que seria lógico. Entra Lucas no lugar de Ramires.
Notem que não o chamo de burro, pois tudo que fez tem sentido e poderia ter dado resultado. O Brasil poderia ter vencido por dois ou três gols de vantagem. Chamo-o de covarde. Covarde por fazer com que o Brasil não jogue buscando controlar a partida, atacando os 90 minutos. Covarde por preferir não correr riscos, por preferir buscar a vitória exclusivamente pelo erro do adversário.
Disse e repetirei incansavelmente, prefiro perder como perdeu Telê.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O drama argentino

Já disse em outras publicações que a seleção argentina é fraca, mas não é, de forma alguma, pior do que Colômbia, Bolívia ou Costa Rica. A albiceleste é a melhor do grupo, mas tem alguns pontos que dificilmente serão corrigidos.


1.Faz falta um Riquelme, este é o maior dos problemas.

2.Não existe nenhum bom lateral à disposição de Batista, segundo dos males.

3.Assim como Mano, Batista não tem "cojones" para arriscar um jogo mais ofensivo.


Bem, não há sequer um Verón, quanto mais um Riquelme na atual safra de jogadores argentinos. Sobram atacantes rápidos e dribladores como Di Maria, Tévez, Conca, Higuain, Messi... mas faltam organizadores para o meio de campo. A saída é jogar sem este jogador e privilegiar um futebol de velocidade. Mas para isso é indispensável jogar com 4 atacantes e contar com bons laterais para privilegiar as jogadas pelos flancos.

Aí vem o segundo problema, a Argentina não tem bons laterais. Zanetti, o melhor lateral que vi jogar, já não tem a velocidade necessária para a tarefa e, como vimos no jogo contra a Colômbia, pouco passou do meio de campo. Para piorar, pela esquerda nem um desgastado Zanetti faz parte da seleção. Para dizer a verdade, nenhum dos outros "laterais" deveria ter sido convocado.

Pois bem, para fazer da Argentina um time competitivo é necessário "cojones", coragem, correr riscos. Maradona sabia disso e correu todos os riscos possíveis na Copa do Mundo. Improvisou um veloz Jonás como lateral e jogou com 4 atacantes. Deu certo até o dia da fatídica derrota para a boa e nova Alemanha. O erro de Maradona foi brigar com alguns jogadores que seriam fundamentais para o "acerto"; Riquelme, Zanetti, Cambiasso e Verón. Mas de todos os defeitos do excêntrico Maradona, falta de "cojones" não foi um deles.

Em suma, Batista precisa correr riscos e tentar montar um time que privilegie a velocidade de seus atacantes. Precisa jogar com poucos "brucutus", poucos mascheranos.

Eu armaria o time com: Romero, Zanetti, Burdisso, Mascherano e Cambiasso; Gago, Banega e Pastore; Messi, Tévez e Aguero.

Sim, faria Mascherano jogar como zagueiro, pois é um excelente marcador e Milito um péssimo zagueiro. Provaria Cambiasso na lateral, pois é a "única" opção viável. Armaria o centro do campo com dois volantes que conseguem sair o jogo e um meia-atacante habilidoso. E nunca deixaria Aguero de fora do trio ofensivo. Aguero é, de longe, o que melhor se posiciona em campo.

A atual Argentina está armada para o contra-ataque, a minha Argentina estaria armada para vencer.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Copa América: primeira rodada

Antes de falarmos dos times presentes, falemos um pouco dos ausentes. Já é hora de EUA e México disputarem a Copa América com a seriedade que este torneio exige. Seria bom para a Copa e para as duas seleções do Norte. Sem falar que seria bom para uma eventual formação de um verdadeiro bloco político/econômico das américas.

Já que não vieram, falemos dos presentes.

Brasil, Argentina, Uruguai e Chile são as 4 melhores seleções. A Colômbia, inexplicavelmente, não monta um bom time desde tempos de Valderrama e cia.

O Chile tem um time ofensivo e rápido, com bons atacantes e meias, mas tem na sua frágil defesa o ponto débil da equipe. Alexis Sánches é o jogador da moda, mas, sinceramente, não sei o motivo.

O Uruguai tem um trio ofensivo muito bom, comparável ao do Brasil e da Argentina. Tem uma defesa regular e um trio de volantes limitado. Forlán tem tudo para brilhar também na Copa América.

A Argentina tem, como já disse, sérias limitações em sua defesa, incluindo as laterais. Falta, ainda, um bom organizador, pois nem Banega, nem Cambiaso tem esse perfil. Messi, o pobre, não joga só. Ninguém, na história do futebol, literalmente carregou um time nas costas. Nem Maradona, nem Pelé. Até hoje não surgiu um jogador que sozinho garantisse a vitória de seu time. Talvez Bican e Garrincha tenham chegado mais próximo.

Muitos comentaristas beiram a idiotice ao afirmarem que a camisa da argentina não cai bem a Messi, que ele não joga bem na albiceleste. Messi é um atacante fora de série, seja no Barcelona, na Seleção Argentina ou no baba de quinta do campo de Guto.

Quanto à nossa seleção, esta precisa de pouco para se transformar na melhor seleção do mundo. Temos o melhor goleiro e a melhor defesa dentre todas as seleções. O que nos falta é sorte, coragem e Ronaldo. Pato não é nem sombra do que foi Careca, Romário ou Ronaldo. Hoje ele não está acima do nível dos demais convocáveis para a posição. Entre Pato, Nilmar e Kléber, só a idade ajuda o primeiro.

Também temos a possibilidade de montar um dos melhores meios do mundo. Daí a falta de coragem. Repito e repetirei sempre, Ramires é jogador para segundo tempo, precisamos mesmo é de um Iniesta na posição. Mas não se fazem Iniestas ao cento, me dirão. Aceito, mas precisamos buscar um jogador que tenha as mesmas características, quais sejam; controle de bola, facilidade de drible, posicionamento e movimentação aprimorados, que seja um bom passador e que, preferivelmente, tenha uma resistência física invejável. Para facilitar, imaginem Seedorf ou Deco em seus áureos tempos. Pois bem, este é o jogador que precisamos. Façam todos um exercício e procurem um brasileiro que tenha essas características. Difícil... talvez um pouco.

Eu tenho duas sugestões, uma seria convocar o Anderson, do Manchester United. Esta seria debatível, mas ninguém me chamaria de louco. Já a segunda, e a que mais gosto, seguramente fará com que metade dos leitores deixem essa coluna imediatamente. Eu provaria Robinho na posição. Não deliro, Robinho jogando ao lado de Lucas e um pouco atrás de Ganso. Façamos um outro exercício, esse muito mais difícil. Imaginem que não acompanharam o início de carreira de Robinho, imaginem que ele nunca foi atacante. Deixem de lado sua carreira e analisem as suas características... darei um tempo para esta difícil tarefa... Robinho nunca aprendeu a fazer gols, em suma, não poderia ser atacante. Robinho já não tem a velocidade de menino, ou seja, não se daria muito bem como ponta. Em contrapartida, continua se movimentando muito bem em campo, se apresenta e se desmarca como ninguém, erra poucos passes curtos, segue excelente no um contra um e... marca relativamente bem. Não é nenhum Mauro Silva, mas marca melhor do que Iniesta. Isso é fato.

Como disse em outras colunas, é relativamente fácil para o Brasil imitar o jogo do Barcelona. O segredo do Barça está em uma defesa veloz, capaz de jogar adiantada, um meio de campo que toca bem a boa e um ataque que se movimenta o tempo todo, formado por jogadores dribladores. Nossa defesa é melhor e mais veloz do que a do Barça e temos atacantes rápidos e dribladores. Só nos falta a coragem para escalar um meio de campo que jogue com a bola nos pés, com toques curtos quando necessário. Ganso e Robinho, ambos, marcam melhor do que Xavi e Iniesta. Então provemos.