O principal argumento para os que defendem a forma de jogar da seleção de Dunga é o de que na Copa passada tínhamos os melhores jogadores, mas jogamos sem raça. Este é um argumento extremamente falacioso.
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Antes de mais, cabe distinguir entre raça e retranca. A seleção de hoje tem como característico a forma retranqueira de jogar e a preponderância de jogadores com extremo vigor físico, não a raça. Não parece pertinente imaginar que alguma seleção vai para uma copa do mundo sem vontade de vencer. A Coréia irá com raça, o México entrará com raça, assim como a habilidosa e leve seleção espanhola jogará com raça. Todos os jogadores sonham desde garotos com uma final de copa do mundo, até aqueles que ganham milhões. Em suma, não será a raça que fará o Brasil ser campeão, visto que todas as contrincantes esbanjarão a mesma vontade de vencer. Não o mesmo vigor e comprometimento tático.
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Se perdemos em 2006 não foi por faltar raça e vontade de vencer. Vale recordar que naquele time jogavam: Maicon, Lúcio, Juan, Gilberto, Gilberto Silva, Zé Roberto, Kaká, Robinho... E é complicado afirmar que a só presença de Ronaldinho era capaz de transformar um batalhão de guerreiros em uma assembléia de maricas. As pessoas, em geral, e os comentaristas esportivos, em particular, têm a necessidade de simplificação: "Estamos em crise por culpa da imigração", estão afirmando os Espanhóis; "O mundo esquenta, por culpa do desmatamento", argumentam os ambientalistas; "O Brasil perdeu, por culpa de Ronaldinho", disseram os jornalistas. A complexidade dos motivos é tão rica quanto a nossa possibilidade de imaginá-los. Outros foram os motivos, mas o pato quem pagou foi o Gaúcho, infelizmente.
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Apontarei alguns dos que me pareceram mais relevantes.
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1) Adriano e Ronaldo jogando junto, ambos atacantes de área, necessitariam de um meio de campo com mais toque e mobilidade. Com aquele centro, talvez jogássemos melhor com Robinho e Ronaldo.
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2) Kaká fez o pior jogo de sua vida.
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3) Parreira demorou para substituir.
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4) Roberto Carlos suspendeu o meião.
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5) Ronaldinho não driblou todo mundo e fez um gol antológico.
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6) O "oba oba" antes do mundial pode ter atrapalhado os treinos da seleção durante os dias que antecedem o torneio.
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7) E mais importante, do outro lado enfrentamos a França, que havia despachado a favorita Espanha e contava com um craque (Zidane) e inúmeros bons jogadores, tão bons quanto os nossos.
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Digo e repito, vontade de vencer não é diferencial, é atributo inerente a qualquer atleta. Raça não é vigor físico. E se o que estamos levando é fundamentalmente vigor e raça, estamos nos igualando à Costa do Marfim, Camarões e Gana, que nunca serviram de exemplo para o bom futebol.
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