A palavra da moda, como alertou Tostão, é 'garra'. A seleção de Dunga esbanja garra e vemos isso estampado em anúncios publicitários de diversas marcas. Ocorre que 'garra' é um atributo indispensável para todos os atletas. Não existe atleta, no verdadeiro sentido do termo, que não atue com garra. Principalmente atletas de elite. Esta vontade ininterrupta de vencer é característica de todos os esportistas, faz parte do ser atleta, do sentido de competir. O problema está em fazer disso, algo natural e indispensável, cartaz de um atleta ou grupo, esvaziando tudo mais que deve estar presente em um grande esportista. Tenham certeza de que todas as seleções entrarão na competição munidas de garra, contudo apenas as talentosas chegarão às finais. Assim, enfatizar a garra brasileira como diferencial, além de ser uma balela, esvazia o que o Brasil poderia ter de realmente diferente: o talento inigualável do futebolista brasileiro. Pelo visto, Dunga prefere abdicar desse talento, e seremos obrigados a ver uma seleção brasileira como outra qualquer.
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Não podemos negar que os publicitários brasileiros são os melhores do mundo. A partir do perfil do nosso treinador, traçaram uma fabulosa campanha de marketing, onde atletas são guerreiros a ponto de ir para o campo de batalha. E para o brasileiro, em geral, a copa do mundo é uma espécie de guerra, onde apenas a vitória interessa. Nenhum brasileiro sai contente quanto o brasil cai na final. Por um lado isso é bom, pois demonstra uma vontade em ser o melhor, contrariando o que, em outras esferas, é comum no povo brasileiro: o complexo de inferioridade. Por outro lado cai naquela velha conversa do 'vencer sem importar como'. Já é tempo de darmos um passo adiante, um passo em direção à nobreza, pelo menos no futebol. Deveríamos exigir de nós mesmos muito mais do que o simples, do que a simples vitória. Deveríamos exigir que se vença jogando com elegância. E que os anúncios publicitários exaltem o nosso futebol pelo que ele tem de melhor, pelo estilo e classe com que vencemos e não pela raça, qualidade prévia e comum a qualquer atleta.
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