A Espanha nunca contou com uma equipe tão competitiva quanto a atual. Em outros mundiais, as esperanças de que a Fúria chegasse até a final vinha, sobretudo, da grande qualidade dos seus dois maiores clubes: Barça e Madrid. Só que havia um pequeno problema nessa expectativa, era que os bons jogadores destes dois times não eram espanhóis. Agora a coisa é, em parte, diferente. Apesar de continuarmos a ver que os melhores jogadores de Madrid e Barça, em grande parte, são de outras seleções, não cabe dúvida de que o combinado espanhol conta com bons jogadores.
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O melhor é, sem dúvia, Xavi, que depois que começou a ocupar uma posição mais avançada em campo, deixou de ser um regular médio defensivo (com bom passe, mas pouca marcação) para se tornar num genial meia armador. Atuando mais próximo dos atacantes, Xavi demonstrou seu excelente talendo para encontrar espaços entre os defensores. Hoje ele é o verdadeiro camisa 10 da seleção espanhola, o maestro da orquestra.
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A Espanha conta, ainda, com uma das melhores duplas atacantes da Copa; Torres e Villa. Ambos são velozes e com faro de gol. Apesar de menos mediático, Villa é o melhor dos dois. Mais inteligente, o atacante do Valencia consegue se desmarcar com muita facilidade, levando sempre perigo quando recebe o esférico próximo a meta adversária.
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Mas o que realmente chama atenção na Espanha é sua imensa qualidade de toque no centro do campo. Todos os jogadores deste setor são bons passadores e dificilmente entregam a bola para o time contrário. Roubar-lhes a bola é tarefa dificílima e aí está a chave do jogo espanhol. Ao contrário do Brasil, joga sem zagueiros no meio de campo. Seu jogador mais recuado no setor é Marcos Senna, que tem muito mais qualidade de passe e armação do que o nosso terceiro volante, seja ele Ramires, Elano ou Daniel Alves. A seu lado encontraremos o habilidoso Iniesta, que sendo da canarinha ocuparia o sítio de Kaká. Xavi, como dito, é o maestro e dita o ritmo do jogo. Fechando o quarteto teremos o mais driblador de todos, David Silva. Ele é o responsável por boa parte das jogadas individuais da Fúria, jogando como meia-atacante, assim como faz o Kaká no Brasil. Outra qualidade do setor é o seu banco de reservas, que conta com o badalado Cesc Fabregas, estrela do Arsenal e imediato de Iniesta e Xavi, principalmente. E o bom frente de zaga Xabi Alonso, detentor de um potente remate de fora da área.
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O problema da Fúria está em sua defesa. Como sempre a Espanha não conta com grandes zagueiros. Históricamente a Espanha sofre com a falta de zagueiros. Alguns ganharam fama, mas nunca foram bons zagueiros. É o caso do artilheiro Hierro. Muitos gols na carreira, principalmente em cobranças de penaltis, fizeram com que conseguisse ser comparado com verdadeiros grandes zagueiros, como Baresi ou Aldair. É claro que o fato de ser jogador do Madrid contribuiu sobremanera para essa elevação na estima popular. Contudo, defendendo, que é, pelo menos para mim, a função essencial de um zagueiro, era muito fraco. Atualmente, a Espanha conta com um bom zagueiro, Puyol, o que faz com que o problema histórico da Fúria seja, em parte, minimizado. Porém, a seu lado, veremos os fracos Albiol ou Piquet. Para piorar, a Espanha não conta com bons laterais. Na península, comparam Sérgio Ramos a Maldini, o que é, no mínimo, um verdadeiro absurdo. Sérgio Ramos, talvez o melhor lateral da Espanha, é extremamente limitado. Fora o bom jogo de cabeça e a resistência física, pouco sobra para ser comparado ao enorme Maldini.
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No gol, encontraremos o intocável Casillas. Para muitos, um dos três melhores goleiros do mundo, para mim, talvez, o terceiro da Espanha. Assim como outros jogadores, Casillas se engrandece por ser jogador do Madrid. Seu futebol lembra o de um antigo goleiro do Bahia, Jean, que sempre aparecia no ranking de defesas difíceis do campeonato brasileiro. Uma vez li, não sei se na coluna do Tostão, um elogio a Oliver Kahn. Nesta crônica, uma das qualidades apontadas para o bom goleiro, era o ser discreto. Bons goleiros chamam pouca atenção, pois, por estarem bem posicionados, dificilmente necessitam se atirar. Casillas é todo o contrário. Assim como Jean, é extremamente ágil, mas quase sempre está mal posicionado. Fora isso, sempre rebota os chutes de longa distância, oferecendo perigo a sua portaria, que poderia ser evitado caso ele encaixasse a bola, ou rebotasse para uma zona sem pergio.
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Diante disto, a Espanha é sim uma das seis principais seleções da Copa. Junto com a Holanda será a que jogará um futebol mais vistoso e alegre: o verdadeiro espírito do futebol. Contudo, uma eventual ausência de Puyol, seja por lesão ou por cartões, demonstrará sua fraquesa defensiva. Particularmente torço para que a Espanha seja a campeã. Quem sabe assim, começaremos a experimentar uma nova maneira de entender o futebol. Quem sabe não retorne a alegria a este esporte que tanto alegra.
Em parte de acordo...agora dizer que Piquet é um fraco zagueiro acho q é demais!! O propio Albiol nao acho que seja fraco, mas sim mediano. Piquet esta fazeno uma grande temporada desde o ano passado com boas atuaçoes. Inclusive no Madrid x Braça deu conta do presepeiro portugues sem problemas...ate na corrida ganhou...
ResponderExcluirE querer que a España ganhe é complicado hein!!! O Brasil jogando como seja pra um bom brasileiro tem sempre que ganhar!!!! Por viver aqui em Valencia tenho a España como segunda opçao, mas quero mesmo é a sexta estrela!!!
Abraçao Tom.
Entrei no blog pelo seu comentário na coluna do Tostão. Gostei dos posts. Acho que a Espanha vai ser o time de muita gente nessa Copa. Queria ter visto o duelo entre Brasil e Espanha na Copa das Confederações, nem que fosse na disputa pelo terceiro lugar...
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