quinta-feira, 15 de abril de 2010

Neymar: ensaio de futurologia.

Todos os anos ímpares, como de costume, surge um novo Pelé no Brasil e um novo Maradona na Argentina. Se não me falha a memória, foram novos maradonas, entre outros, Ortega, Aimar, D'Alesandro, Dátolo e Messi. E do lado de cá do Rio da Prata, Denner, Denilson, Ronaldinho, Robinho, e agora a bola da vez é o Neymar.
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Ninguém recorda aquele jornalista que primeiro afirmou que Denilson seria um dos melhores jogadores de todos os tempos, assim como ninguém recorda o nome de uma cartomante que previu um fato que não ocorreu. Contudo, todos recordarão que foi Mãe Dinah quem previu o Brasil campeão em 94. Ocorre que só os acertos são lembrados. E só o primeiro a prever o futuro leva os louros. Daí sempre existirem jornalistas apressurados em nomear tal ou qual jogador como o novo Pelé ou o novo Maradona. Assim, caso acertem, passarão o resto da vida relembrando seu feito.
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O tempo costuma dar seu veredito sobre se um jogador é ou não um craque. No caso de Messi, quem previu que ele seria o novo Maradona, pode começar a alardear sobre seu feito. Hoje ninguém duvida que Messi atingiu um nível altíssimo e já pode ser considerado um craque. Se ele irá manter o nível por muito tempo, só o futuro e Mãe Dinah poderá dizer. Quanto ao Neymar, dizer que ele será um craque é sobremanera arriscado. O que de minha parte cabe é analizar o presente, e, do que vejo de características neste jogador de hoje, projetar um futuro. Futuro esse sempre nebuloso, incerto.
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Neymar é a melhor promessa do futebol brasileiro, desde Ronaldo. Ele tem algumas características que depõe a seu favor. Comparando-o com Robinho, o que é inevitável, ele aparece como um jogador mais completo. Robinho, como já disse, tinha, e ainda tem, um enorme potencial para se tornar um craque. Mas para isso, deve aprender a fazer gols. Em nenhum momento de sua carreira, Robinho foi decisivo como artilheiro. Por outro lado, Neymar, assim como Ronaldo, parece ter em sí essa facilidade para fazer gols. Também consegue se desmarcar com muita facilidade e, ainda, encontrar espaços onde aparentemente não existem. Todas essas são características de um craque.
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Todo jogador, sem exceção, tem seu ano de craque. Algumas vezes se dá no início da carreira, outras no final. Vejam o exemplo de Afonso, que foi o maior artilheiro do campeonato holandês, superando as marcas de Romário e Ronaldo. Todo jogador tem um ano em que toda bola que toca, até displicentemente, acerta. Se é atacante, até os chutes para fora rebotam em alguém e acabam entrando. É uma lei inexplicável da mecânica futebolista. O craque é aquele que mantêm ano após ano uma regularidade. Não será todos os anos fenomenal, mas em todos os anos jogará bem.
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Neymar, por ser ainda garoto, pode estar neste ano de craque. Daí não podermos afirmar nada ainda. Contudo, ele já demonstrou mais do que outras promessas da atualidade, como o Alexandre Pato. Dá a impressão de que Neymar é mais completo. Contra ele, talvez pese esse seu jeitão de marrento. Nem todos conseguem ser como Romário. É bem provável que, saindo do Santos, Neymar possa encontrar alguma dificuldade para lidar com companheiros e treinadores. Este trato com o vestuário é decisivo para a carreira de quase todos os jogadores. São poucos os que conseguem conviver bem com a fama precoce.
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Então, como não costumo fazer ensaios de futurologia, ficarei na esperança. Hoje Neymar não merece ser convocado para a Copa, mas ele ainda tem dois meses para convencer. Sempre alguém se lesiona instantes antes do início do Mundial. E se Neymar conseguir repetir jogo após jogo grandes atuações, pode sim ser esse jogador de última hora.
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Vale lembrar que o esquema do Santos favorece qualquer atacante. Ter um time com Arouca, Marquinhos e Ganso no meio de campo facilita a vida de qualquer jogador.

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